Filho do então governador Juvenal
Lamartine com a senhora Silvina Bezerra de Faria,nascido em Serra Negra do
Norte-RN, no dia 15 de novembro de 1919,
foi o caçula de dez filhos. Não enveredou pela política, como o pai.
Identificou-se com a terra, com seu povo, com a palavra em sua forma mais rude.
Os textos deste caderno especial integram um mosaico, um quadro que apresenta
um pouco quem foi e o que pensou este senhor, sua importância e significado
para o Nordeste e, por conseqüência, para o mundo.
Oswaldo Lamartine encontrou nos sertões um
mote para a sua existência. Sua vida foi entrelaçada com fatalidades,
culminando com o seu suicídio e, antes disso, a construção da utopia,
representada pela Fazenda Acauã, espaço de labuta e prazer. No meio de tudo, o
encontro com a escrita, como expressão do mundo sertanejo.
São vários os momentos a serem
registrados. Quando criança, brincando com uma arma, atingiu um amigo,
fatalidade que ficou marcada na sua memória. Anos depois, precisamente em
fevereiro de 1935, estudante no Rio de Janeiro, viu o pai, que acompanhava o
tratamento da filha, Elza, no sanatório do dr. Valois Souto, receber um
telegrama informando do assassinato de Octavio Lamartine (irmão de Oswaldo) por
questões políticas. “Nunca mais vi a imagem de uma dor tão profunda e muda num
vivente. Eles o feriram de maneira mais impiedosa e escolheram meticulosamente
onde mais doía”, relatou Oswaldo em suas memórias.
Outro fato marcante foi quando o
pai perdeu a visão, vitimado pelo glaucoma. “Cego, continuou zeloso no trajar,
sóbrio no comer e no viver quase espartano. Mesmo nesse tempo nunca vi meu pai
com a barba por fazer. Era um madrugador na toalete. Jamais ouvimos dele uma
queixa, uma palavra de revolta nem de desespero, o que levou um dia meu irmão
Olavo a comentar: — Também você nem se queixa! Nem ao menos pragueja para
aliviar... Ele mansamente explicou: — Não pensem que é fácil viver nas trevas.
Quando vim a ter consciência do que me esperava, passei noites em claro,
pensando. E decidi que seria assim. O desespero não me devolveria à luz e
serviria apenas para infernizar a todos vocês.” Mais tarde, ainda viveu o drama
do suicídio da filha Isadora (1945-1972)
Em meio aos estudos e pesquisas,
com destaque para a formação em técnico agrícola pela Escola Superior de
Agricultura de Lavras, em Minas Gerais, e a administração de fazendas no
interior do RN, Rio de Janeiro e Maranhão, além da atuação no serviço público,
o que o levou a passar vários anos longe dos sertões, Oswaldo não esquecia o
território e sempre que podia passava um tempo lá.
Registrava tudo que o
impressionava. Convivia com intelectuais como Câmara Cascudo, Hélio Galvão e
Raquel de Queiroz, para quem fez uma consultoria. Era metódico e detalhista,
deixando marcado em 21 livros o registro de um tempo. Foi detentor da cadeira
nº 22 da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, antes ocupada pelo seu pai. “O
que botei no papel foram apenas momentos do dia-a-dia do nosso sertanejo”,
disse, quando recebeu o titulo de doutor honoris causa na Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, em 2005
É patrono da Casa de Cultura deSerra Negra do Norte
Faleceu em natal em 21 DE MARÇO
DE 2007
FONTE – REVISTA TCE RN