domingo, 25 de agosto de 2019

OSWALDO LAMARTINE DE FARIA



Filho do então governador Juvenal Lamartine com a senhora Silvina Bezerra de Faria,nascido em Serra Negra do Norte-RN, no dia 15 de novembro de  1919,  foi o caçula de dez filhos. Não enveredou pela política, como o pai. Identificou-se com a terra, com seu povo, com a palavra em sua forma mais rude. Os textos deste caderno especial integram um mosaico, um quadro que apresenta um pouco quem foi e o que pensou este senhor, sua importância e significado para o Nordeste e, por conseqüência, para o mundo.
 Oswaldo Lamartine encontrou nos sertões um mote para a sua existência. Sua vida foi entrelaçada com fatalidades, culminando com o seu suicídio e, antes disso, a construção da utopia, representada pela Fazenda Acauã, espaço de labuta e prazer. No meio de tudo, o encontro com a escrita, como expressão do mundo sertanejo.
São vários os momentos a serem registrados. Quando criança, brincando com uma arma, atingiu um amigo, fatalidade que ficou marcada na sua memória. Anos depois, precisamente em fevereiro de 1935, estudante no Rio de Janeiro, viu o pai, que acompanhava o tratamento da filha, Elza, no sanatório do dr. Valois Souto, receber um telegrama informando do assassinato de Octavio Lamartine (irmão de Oswaldo) por questões políticas. “Nunca mais vi a imagem de uma dor tão profunda e muda num vivente. Eles o feriram de maneira mais impiedosa e escolheram meticulosamente onde mais doía”, relatou Oswaldo em suas memórias.
Outro fato marcante foi quando o pai perdeu a visão, vitimado pelo glaucoma. “Cego, continuou zeloso no trajar, sóbrio no comer e no viver quase espartano. Mesmo nesse tempo nunca vi meu pai com a barba por fazer. Era um madrugador na toalete. Jamais ouvimos dele uma queixa, uma palavra de revolta nem de desespero, o que levou um dia meu irmão Olavo a comentar: — Também você nem se queixa! Nem ao menos pragueja para aliviar... Ele mansamente explicou: — Não pensem que é fácil viver nas trevas. Quando vim a ter consciência do que me esperava, passei noites em claro, pensando. E decidi que seria assim. O desespero não me devolveria à luz e serviria apenas para infernizar a todos vocês.” Mais tarde, ainda viveu o drama do suicídio da filha Isadora (1945-1972)

Em meio aos estudos e pesquisas, com destaque para a formação em técnico agrícola pela Escola Superior de Agricultura de Lavras, em Minas Gerais, e a administração de fazendas no interior do RN, Rio de Janeiro e Maranhão, além da atuação no serviço público, o que o levou a passar vários anos longe dos sertões, Oswaldo não esquecia o território e sempre que podia passava um tempo lá.

Registrava tudo que o impressionava. Convivia com intelectuais como Câmara Cascudo, Hélio Galvão e Raquel de Queiroz, para quem fez uma consultoria. Era metódico e detalhista, deixando marcado em 21 livros o registro de um tempo. Foi detentor da cadeira nº 22 da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, antes ocupada pelo seu pai. “O que botei no papel foram apenas momentos do dia-a-dia do nosso sertanejo”, disse, quando recebeu o titulo de doutor honoris causa na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em 2005
Faleceu em natal em 21 DE MARÇO DE  2007
FONTE – REVISTA TCE RN

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